Os horrores da guerra civil de El Salvador (vídeo)

Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo se viu dividido, em uma disputa bipolar entre as duas grandes potências que emergiram na época, os Estados Unidos e a União Soviética. Essa disputa se baseava no poderio hegemônico, político-militar, econômico, tecnológico e pela implantação de dois sistemas sócio-econômicos distintos – o capitalismo, com representação máxima pelos Estados Unidos e o comunismo, com representação máxima pela ex-URSS.
As duas potências, apesar de protagonizarem o período conhecido como Guerra Fria, nunca entraram diretamente em guerra, uma contra a outra, pois isso ocasionaria a Terceira Guerra Mundial e se utilizassem apenas 10% de seu poderio bélico nuclear, químico ou biológico, exterminariam de imediato a vida no planeta. Entretanto, o mundo se viu em guerras sangrentas, principalmente nos países do Terceiro Mundo, por causa da disputa ideológica entre as duas potências.
Na América Latina, para impedir o avanço comunista, devido a grande proximidade com Cuba, foram instalados regimes autoritários entre as décadas de 60 e 90, fato conhecido como Militarismo na América Latina. Nesse período, praticamente todos os países do continente estavam sob o comando de cruéis ditadores, instalados através de golpes e com pleno apoio dos Estados Unidos.

Em alguns países, apesar de haver grupos de reação contra o regime, não chegou a haver guerras civis, podemos citar o caso do Chile, Argentina, Uruguai, Brasil, Paraguai, Venezuela. Em outros, a reação esquerdista foi tão forte, que foram criados grupos guerrilheiros para tentar derrubar os regimes ditatoriais. Nesses casos, lembramos do Peru com o “Cendero Luminoso”, Colômbia com as “FARC”*, Nicarágua com a “Frente Sandinista” e El Salvador com a “FMLN Farabundos Martí de Libertación Nacional”.

El Salvador foi o exemplo máximo de como uma guerra civil pode ser cruel, sangrenta e deixar milhares de inocentes e civis em uma situação desoladora. Vale lembrar, que os armamentos do governo eram financiados pelos Estados Unidos. A guerra civil por lá, entre as tropas do Exército (governo) e a FMLN (guerrilha esquerdista), começou, sobretudo, em março de 1981, quando o Arcebispo Católico de San Salvador (capital do país), Oscar Romero, foi assassinado por fazer duras críticas ao governo ditador. Milhares de católicos, cidadãos comuns, civis foram participar de seu funeral na Catedral da cidade e nada menos que 42 deles foram executados em plena escadaria pelas tropas do governo, apenas por participarem do funeral de um opositor. Além disso, outras barbáries como o massacre da pequena cidade de El Mozote, no interior do país deixou mais de 1500 civis mortos. O governo, desconfiando que células guerrilheiras estivessem na cidade, porém sem saber quem e onde, foi matando civis indiscriminadamente, inclusive crianças, como forma de pressionarem os guerrilheiros a se entregarem.

Tudo isso sob aval do Departamento de Estado americano e do governo de Ronald Reagan. Os vídeos abaixo mostram essa situação dramática vivida entre 1980 e 1992 em um país irmão do Brasil. Hoje os salvadorenhos vivem em uma democracia, mas não esqueceram os horrores dessa guerra, onde em apenas alguns minutos de imagens podemos ter uma noção. Os FMLN se tornaram partido político após a abertura democrática e hoje governam o país.
A Guerra Civil de El Salvador terminou com um saldo de 70.000 mortos, 9.000 desaparecidos e 30.000 refugiados para países vizinhos. Devemos lembrar que, em meio à esses doze anos de guerra, o país também foi assolado por erupções vulcânicas, terremotos e atingido por furacões, típicos da América Central.




Um comentário:

Braz disse...
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