Trens que cortam de Matão: de onde vem e pra onde vão?

Todos os dias notamos o trânsito ferroviário na cidade de Matão. Apesar de que com o crescimento das cidades, as ferrovias nas áreas urbanas passaram a ocasionar certos transtornos, principalmente no conflito com o fluxo de veículos, Matão já resolveu esse problema.
Sabemos que Matão, por sua localização e toda infra-estrutura próxima, como importantes rodovias e sua ferrovia é sem dúvida um grande pólo logístico em potencial. Empresas logísticas que investirem em nossa cidade, certamente conseguirão formar por aqui um “hub” logístico extremamente competitivo. Mas quando se trata exclusivamente das ferrovias, vemos composições enormes cruzarem Matão e vamos entender um pouco de onde vem e para onde vão esses trens.
Desde o sucateamento do setor ferroviário até os anos 90, o transporte de cargas via esse modal despencou consideravelmente. Apesar de sua recuperação, a partir do início dos anos 2000, ele ainda responde por apenas 21% de tudo que é transportado no Brasil. As empresas privadas que assumiram o setor, tiveram a função de modernizar e reestruturar o sistema. Mesmo assim, quase metade da malha ferroviária brasileira ainda está sem uso ou subutilizada e o país necessita no mínimo de mais 15 mil km de trilhos.

Por sorte, o corredor ferroviário que passa por Matão é um dos mais ativos e importantes de todo o Brasil. Existem três principais concessionárias de ferrovias no Brasil: a Vale, a MRS Logística e a ALL Logística (América Latina Logística), com sede em Curitiba, é a maior de todas e é a que opera o trecho existente em Matão.

O trem de cargas que por aqui passa vem de muito longe e tem como destino o Porto de Santos. O início de todo esse trajeto é o Terminal Multimodal de Alto Taquari, ponto estratégico na divisa entre Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. É um terminal enorme com milhares de caminhões que trazem a produção de soja desses dois Estados para serem carregados nos trens. Além disso, o terminal conta com silos para armazenagem e tanques para armazenamento de combustíveis, os quais também são transportados via ferrovias. Quanto à soja, não apenas os grãos são carregados, mas os derivados também, como o próprio óleo da soja, já produzido na região.
Após isso, a composição tem uma outra parada obrigatória ainda no Estado do Mato Grosso do Sul, distante cerca de 500 km de Taquari, o Terminal de Chapadão do Sul, onde ocorre o embarque de mais soja oriunda desses dois Estados e de Goiás. Ao entrar em São Paulo, as composições passam por cidades como Santa Fé do Sul e São José do Rio Preto, onde são abastecidas com produtos agrícolas dessas regiões. Sacas de feijão, amendoim, açúcar entre outros são carregados nos vagões. Logo após, existe uma central de abastecimentos de combustíveis em Catanduva, onde os vagões tanque são preenchidos principalmente com etanol das usinas da região.
Quando trem chega a Matão, ocorre um novo e importante carregamento, o de suco de laranja. Tambores da Global Sucos são carregados também com destino à Santos para exportação. Esse é o principal produto que as ferrovias transportam a partir de Matão, apesar de algumas outras empresas também utilizarem desse meio de transporte. Em Araraquara está localizado um dos mais importantes entroncamentos ferroviários do Estado. Lá ocorre o encontro dessa malha que veio do Mato Grosso com a oriunda de Minas Gerais. Inúmeras indústrias de Araraquara utilizam à ferrovia, inclusive a FEMSA, e IESA.
A partir daí vão ocorrendo carregamentos principalmente de etanol e açúcar em pontos de parada como Rio Claro, Limeira e Campinas o maior e mais importante entroncamento do interior paulista. Em parceria com a ALL, a Cosan (maior produtora de açúcar e etanol do mundo), adquiriu mais de 60 locomotivas e 1500 vagões criando uma subsidiária chamada Rumo Logística, para o transporte exclusivo de seus produtos.
Chegando à Grande SP, existe o chamado congestionamento férreo, aonde os trens chegam a perder 19 horas parados por não conseguirem se movimentar e ter que dividir espaço com os trens de passageiros da CPTM. Após esse “tormento”, as composições precisam descer a serra que dão acesso ao litoral paulista, utilizando de um sistema de correntes automáticas que se prendem na parte inferior da locomotiva, proporcionando então o deslocamento.
Ao chegar ao porto, existe mais uma grande demora para o desembarque de todos esses produtos que são destinados ao mundo todo. Na volta, o caminho é o mesmo, mas geralmente as composições retornam parcialmente vazias, trazendo produtos eletrônicos e maquinários que são desembarcados principalmente na Grande SP e na região de Campinas, assim como óleo diesel, gasolina e derivados de petróleo que são os principais produtos de retorno.

Abaixo segue um vídeo que mostra trens cortando Matão, antes da construção do complexo viário:

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